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  • Foto do escritorPaulo Vinicius

A Fobia Social em Rascal Does Not Dream of Bunny Girl

Uma das animações sensação desta temporada, Rascal Does Not Dream of Bunny Girl, tratou de um tema bem pesado de uma maneira magnífica: a fobia social. Vamos falar um pouquinho sobre o tema. 

ATENÇÃO: FORTES SPOILERS DOS EPISÓDIOS! RECOMENDADO PARA QUEM JÁ VIU A SÉRIE!

Esse é uma daquelas postagens que simplesmente nascem. Eu não tinha planejado voltar a falar de animações japonesas por agora de forma a preparar o terreno para 2019. Mas, nas últimas semanas em que eu vim assistindo a essa animação (que eu recomendo demais e vou comentar sobre ela mais para a frente), a vontade de postar algo a respeito só foi aumentando. Portanto, aqui vamos nós. Antes de mais nada, vamos entender o que é a agorafobia.

ATENÇÃO: FORTES SPOILERS DA ANIMAÇÃO!!! RECOMENDADO PARA QUEM JÁ VIU OS EPISÓDIOS!!


transtorno de ansiedade social, popularmente chamado de fobia social ou sociofobia, é um transtorno ansioso descrito no DSM-IV, caracterizado por manifestações de alarmetensão nervosamedo e desconforto desencadeadas pela exposição à avaliação social — o que ocorre quando o portador precisa interagir com outras pessoas, realizar desempenhos sob observação ou participar de atividades sociais. Tudo isso ocorre até o ponto de interferir na maneira de viver de quem a sofre. As pessoas afetadas por essa patologia compreendem que seus medos são excessivos e irracionais, no entanto experimentam uma enorme ansiedade e apreensão ao confrontarem situações socialmente temidas e não raramente fazem de tudo para evitá-las. Durante as situações temidas, é frequentemente presente nessas pessoas a sensação de que os outros as estão julgando e, enfim, tais sujeitos não raramente temem ser reputados muito ansiosos, fracos ou estúpidos. Por conta disso, tendem frequentemente a se isolar. As pessoas com ansiedade social são pessoas excessivamente preocupadas com o julgamento alheio, com a opinião dos outros a seu respeito, são perfeccionistas e determinadas. Com essas características, os portadores de fobia costumam ter alto senso de responsabilidade, bom desempenho profissional e avidez pelos desafios da vida social. A preocupação excessiva com as situações sociais onde estará sob apreciação alheia, desperta intensa ansiedade antecipatória. (Fonte: Wikipedia)

Na trama, estamos em um mundo onde determinadas perturbações emocionais geram efeitos físicos nos personagens. Lidamos principalmente com problemas da adolescência como aceitação, bullying, o primeiro amor, a rejeição. Estes problemas recebem o nome de Síndrome da Adolescência na animação. Um dos problemas mencionados é o da irmã do protagonista Sakuta que se chama Kaede. Ficamos sabendo ao longo dos episódios que a menina sofreu diversos ataques à sua pessoa nas redes sociais devido à inveja de alguns de seus colegas. Houve uma espécie de desentendimento (comum na idade dos personagens) em que a Kaede ficou marcada por todos os seus colegas. Ela começou a sofrer um cyberbullying intenso em que ela recebia até ameaças de morte dos seus colegas. 

Na animação, o autor usa o elemento fantástico para dar maior dramaticidade à situação em que as ameaças à Kaede se transformam em cortes físicos e hematomas no corpo dela. Para que isso parasse, os pais de Sakuta e Kaede passam a deixar a menina em casa. Mas, os ataques continuam e ela acaba indo parar no hospital devido à severidade dos ferimentos. E é aí que é dado um passo além: devido a esse trauma, a personagem decide apagar completamente as lembranças desse episódio o que afeta até mesmo sua relação com a família já que ela não se lembra mais dos pais e do irmão. A mente dela se fechou e ela criou uma outra personalidade completamente diferente. Aliás, aqui está o brilhantismo do autor da animação: nada de personalidade obscura nem nada do gênero. A nova Kaede que nasce aqui é simplesmente uma garota diferente da menina antes do trauma. Ela é canhota (ao invés de destra), gosta de outros tipos de comida, anda e fala diferente. 

Mas, talvez o efeito mais poderoso seja a agorafobia daí decorrente. A fobia social surge por que Kaede começa a ficar com medo de quem as pessoas estão enxergando: a antiga ou a nova Kaede. Todas essas mudanças de personalidade causam um choque severo na família que não sabe como lidar com isso. Apesar de o irmão ter tirado forças para encarar sua nova irmã, seus pais não conseguem lidar com isso. Kaede não consegue mais olhar para as pessoas. A própria noção de estar na rua faz com que ela tenha desmaios e febres altas. Quando alguém sorri do outro lado da rua, a personagem imagina que ela está rindo dela. Portanto, Kaede decide se encerrar em casa e cria um medo mortal das outras pessoas. A mãe dos irmãos sofre um colapso total e o pai acaba precisando sair de casa e levar sua esposa até um local mais tranquilo, deixando o apartamento para Sakuta e Kaede. 

Para quem acha que os elementos fantásticos são exagero, saibam que o bullying e o cyberbullying são sim capazes de causar esse tipo de dano. Todos os anos são gastos muitos recursos para conscientizar as pessoas quanto aos males causados por isso. Nas escolas temos vários casos todos os anos. De algumas décadas para cá, o bullying vem se tornado mais violento e vemos casos de violência física extrema. Todas as semanas vemos divulgadas nas redes sociais situações de agressão sendo filmadas por alunos e coordenadores de forma a difundir o que tem acontecido no interior de nossas escolas. 

Mas, mesmo com campanhas sendo feitas, o problema persiste. E vários fatores estão presentes nisso: problemas familiares, falta de perspectiva, os hormônios na adolescência. Os motivos são sempre os mais diversos possíveis também: inveja, desentendimentos, namorados, rivalidades. O problema não são os conflitos da adolescência, mas a intensidade e a frequência com a qual eles acontecem. Eu mesmo sofri bullying quando era menor, mas em um grau menor. Me espanta ver casos de meninos e meninas que são de fato espancados por causa de alguma diferença. E o nível de agressividade imposto. Qualquer pessoa tende a mudar o seu comportamento diante de um caso de agressão, seja um assalto, uma confusão em um bar, um assédio sexual, ou qualquer outro caso. Até mesmo o assédio moral pode causar algum transtorno e mudança na forma como alguém se dirige a outra pessoa. 

A fobia social nasce de casos realmente extremos, tanto no que diz respeito ao físico como ao psicológico. A pessoa não sente vontade de sair de casa por alguma razão específica. Vou voltar ao caso da animação porque não sou especialista no tema e posso acabar proferindo algum impropério por aqui. A animação lida de forma fantástica com o tema (mesmo que exagere vez ou outra). A gente consegue ver a angústia na personagem por não ser capaz de viver de forma normal. Ela quer integrar a sociedade, mas o medo de que o que se passou com ela volte a acontecer, faz com que o seu corpo trave. E quando a personagem desobedece, o corpo manifesta fisicamente o inconsciente do indivíduo. Isso não é necessariamente uma fantasia. É baseado em estudos psicológicos de fato. Nosso corpo pode manifestar dores físicas dependendo do poder da nossa sugestão mental. Estão aí casos de gravidez psicológica para provar o poder que a nossa mente possui. 

Mas, eu queria comentar também sobre o último arco de histórias da série (ela depois terá um filme para amarrar algumas pontas) onde o alvo da narrativa é o problema da Kaede e como ela faz para superar. Impossível não se emocionar com esse arco. É de um impacto emocional inacreditável porque a gente acaba acompanhando as dificuldades que tanto o Sakuta quanto a Kaede passam. Nessa altura da série, a irmãzinha está tentando voltar a se relacionar com as pessoas. Isso por conta do namoro do protagonista e ela estar se sentindo um fardo para seu irmão. Ela deseja de todo o coração se esforçar para voltar ao normal. Basicamente ela monta um quadro com pequenos objetivos que ela precisa cumprir para conseguir voltar a ter uma vida normal. No começo a gente acha engraçado porque ela sempre dá um jeito de colocar o irmão nos seus objetivos. Mas, um deles chama a atenção: "Ir para a escola". O quanto um objetivo tão simples e bobo como esse pode representar tanto para uma personagem. 

O autor trabalhou bem não só a angústia da personagem, mas o que toda essa situação significou para a família. Vocês conseguem imaginar uma família no qual um dos filhos não é capaz sequer de sair de casa? O quanto isso muda a rotina familiar? As conversas entre o pai e o irmão são claras nesse sentido. O olhar de impotência, o abandono (já que o pai saiu de casa para tratar da mãe que não suportou o problema), as falas vacilantes. É uma família devastada por uma situação ocorrida na escola. Vocês não fazem ideia de o quanto uma rotina familiar pode ser alterada simplesmente porque um aluno brigou com o outro, ou uma aluna sofreu um assédio por causa de um boato espalhado nas redes sociais. Acontecimentos microscópicos com efeitos macro. Sofremos hoje com a ausência que as famílias fazem no ambiente escolar, entretanto, um acontecimento trágico pode e vai alterar a dinâmica em uma família. 

Voltando à série, acompanhamos Sakuta ajudando sua irmã a cumprir seus objetivos. E cada etapa cumprida, tira uma lágrima dos olhos. São coisas simples como sair do elevador, ir até a esquina. Talvez um dos momentos mais dramáticos tenha sido a Kaede conseguir sair do apartamento. Vimos até as dores se manifestarem no corpo dela, com um hematoma gigante surgindo em seu pescoço. Isso é a demonstração máxima de o quanto aquilo era um esforço gigante da parte dela. O pior é a frustração em tarefas não cumpridas. Sabe quando o seu corpo não obedece a você mesmo? Isso acontece algumas vezes. E a luta para superar as dores do coração é algo muito difícil para alguém. Eu queria poder comentar mais, mas acho que estou dando tantos spoilers que talvez eu esteja tirando a graça de tudo. 

Mas, o meu objetivo era expor aqui não apenas a minha felicidade em ver um tema tão complexo sendo trabalhado de uma forma tão digna quanto está acontecendo na série. Para mim, já é uma das melhores séries do ano. E fica aqui aquele meu recado básico: para quem acha que bullying é algo bobo e que todo mundo já viveu em algum momento na vida, repense e reavalie seus conceitos. Ele pode sim afetar não apenas a pessoa que sofre o bullying, mas todos ao seu redor. É uma questão de observar o macro. E não fugir da questão. 


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