Maiara é uma professora em um dos últimos bastiões da humanidade. Todo o resto do humano desapareceu em uma catástrofe nuclear. Mas, será que realmente somente Tenoque tem seres humanos ou existem outros lugares?
Mais uma vez somos apresentados a uma sociedade que utiliza energia sustentável. Ainda resenhando contos da coletânea Solarpunk, este nos apresenta uma sociedade com traços astecas. Maiara é uma professora (o autor não especifica exatamente do quê) da cidade de Tenoque. Ela seria um dos últimos bastiões da humanidade após uma espécie de apocalipse nuclear. Em primeiro lugar é preciso destacar a habilidade com a qual o autor trabalha a cultura asteca e chinesa. Ambas aparecem quase em uma relação simbiótica. E os maias aparecem como uma espécie de povo renegado lutando contra o domínio tenoquiano. A questão da energia é deixada como um mistério a ser resolvido para o final do livro. É explicado que a energia usada nas cidades é gerada em torres que repassam-na. Maiara é a protagonista da história. Quando era pequena, seu pai foi preso por cometer crimes contra o Estado. Sua punição foi o banimento para o Leste Proibido onde o deus da morte Xibalba iria devorá-lo. Segunda a crença tenoquiana Xibalba foi arremessado no mar do leste por Quetzalcoatl causando o apocalipse que tornou esta região inóspita. Para aplacar a fúria de Xibalba, os criminosos eram enviados para sofrer sua ira. Mas nem tudo é o que parece. Recentemente alguns importantes emissários de Zonguá, aliado de Tenoque, tem sido vítimas do ataque de um estranho homem denominado Anhangá. As motivações deste Anhangá são incertas, mas o Estado faz o possível para esconder as ações dele. A culpa é colocada nos maias e em sua obsessão com a mudança de era em seu calendário. O período em que se passa a história é próximo ao Dia da Transição quando o décimo terceiro baktun começaria inaugurando uma nova era. Por conta desse período único, o Estado tenoquiano parece estar mais atento do que o normal. Mas, Anhangá parece estar estranhamente conectado a Maiara. E ela é obrigada a reviver os momentos de condenação de seu pai quando um de seus alunos a convida para ver o sacrifício de três terroristas maias. O contato com Anhangá faz com que ela questione a condenação de seu pai. E as estranhas palavras que seu pai enviou através de Anhangá fazem Maiara questionar ainda mais a veracidade das superstições tenoquianas. A protagonista é a típica personagem investigadora e curiosa. Caso o autor não a tivesse construído dessa forma, a história não andaria. Claro que algumas situações que ocorrem durante a descoberta de Maiara são circunstanciais demais. A investigação na Torre e a ida até a Cidade Baixa acabam tendo elementos de deus ex machina quando os acontecimentos giram em prol das descobertas da protagonista. O final também é muito corrido. Principalmente a última página onde parece que os acontecimentos geraram algum tipo de mudança não totalmente explicada. Pode ser que o autor deseje retornar a este universo literário posteriormente e este conto foi apenas uma degustação. Qualquer coisa diferente disso é prova de uma falta de compreensão total do tempo da história. Ou seja, o autor teve grandes ideias, mas quando se deu conta da proporção que a história tomou precisou encerrar a história. Posso entender isto como tanto um ponto negativo como um positivo. Embora tenha havido o problema de espaço da história e final corrido demais, significa também que a história ganhou direcionamento próprio e fugiu do controle do autor. Espero ser capaz de ler mais histórias passadas neste mundo que acabou por me deixar muito interessado. Curti a prosa e os personagens introduzidos pelo autor.
Ficha Técnica:
Nome: Xibalba Sonha com o Oeste
Autor: André S. Silva
Conto presente na coletânea Solarpunk
Editora: Draco
Ano de Publicação: 2013
Avaliação:
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