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Resenha: "Ubik" de Philip K. Dick

Foto do escritor: Paulo ViniciusPaulo Vinicius

O que é Ubik? Em mais uma de suas histórias alucinógenas, Philip K. Dick nos coloca em um mundo onde o real e o irreal se cruzam em uma linha muito tênue.



Sinopse: Ubik é uma irreverente história sobre a morte e a salvação escrita pelo consagrado escritor americano Philip K Dick. Foi eleito em 2005 pela revista TIME um dos cem melhores romances de língua inglesa, publicados a partir de 1923. Em uma sociedade futurista, Glen Runciter é dono de uma empresa responsável por rastrear psis, indivíduos com habilidades especiais, como telepatas e precogs. Ele e seus funcionários caem na armadilha de uma empresa rival, e Runciter morre. Seus funcionários passam a receber estranhas mensagens de Runciter em moedas e embalagens de cigarro. O tempo começa a retroceder e eles terão que lutar contra a degeneração física e mental. A solução pode estar no spray Ubik, mas conforme a trama se desenvolve, menos fica claro quem realmente precisa ser salvo.



Philip K. Dick é um homem obcecado por perguntas universais. Em vários de seus trabalhos ele questiona a existência, a realidade, quem somos, o que somos e qual o nosso papel no mundo. Em Ubik, ele distorce a mente do leitor ao provocá-la com a seguinte pergunta: o que é a realidade? Como sabemos que o real é real? Ele nos faz duvidar do que estamos observando e apreendendo sobre o universo vivido pelos personagens.

Joe Chip é o protagonista e em nada se parece com um herói padrão. Dick gosta de brincar com a idéia do protagonista. Às vezes ele emprega um herói no modelo tradicional e o coloca em um cenário que o faz duvidar de suas ações. Mas, na grossa maioria das vezes, o protagonista é um ser desprezível e detestável. Joe Chip não cai em nenhum dos dois extremos. Ele é apenas um oportunista. Para completar a rasteira que Dick passa nos leitores neste livro, ele nos engana apresentando um falso vilão. Ou seja, ele inverte completamente a lógica do antagonista – protagonista.

A realidade é aquilo que nós observamos ou o que o resto do mundo entende como real? É uma pergunta que remete diretamente aos ensinamentos do sociólogo Émile Durkheim: o ser coletivo está acima do ser individual. Nossas atitudes são indicadas e até coagidas a partir de nossa convivência com outras pessoas. Atitudes comuns como escovar os dentes ou almoçar ao meio dia são normais para nós porque a sociedade nos dita como ser normal. Dick vai um passo além: o que observamos é assim porque outras pessoas nos dizem que isto é assim. Complexo? Vamos simplificar um pouco: um tecido vermelho é vermelho porque outras pessoas nos disseram que ele é vermelho. Nosso cérebro entende que o tecido é vermelho automaticamente. Na visão de Dick não são só as nossas ações que são ditadas pela sociedade, mas nossos próprios cinco sentidos.

O lugar onde Joe Chip acaba indo parar é um mundo fabricado, porém interativo e dinâmico. Na história, Joe Chip é contratado para acabar com a competição de outra empresa. No futuro de Ubik, a espionagem industrial é a ordem do dia. Surgiram seres chamados precogs que fazem estimativas e previsões sobre desdobramentos de negócios. Determinados precogs conseguem visualizar o que a competição irá desenvolver nos próximos meses. Alguns são tão poderosos que conseguem até visualizar projetos e roubá-los para as empresas para as quais trabalham. Para combater isso surgem os antiprecogs, que são usados como uma barreira contra tais previsões. Mas, Joe Chip é contratado para destruir os principais precogs da concorrência. Mas, por causa de alguns erros de cálculo ele acaba caindo em uma realidade fabricada. É aí que as coisas começam a desandar já que Chip não consegue mais saber o que é real. O irreal acaba se tornando tão normal, que o protagonista passa a ter dificuldades para entender que o mundo onde ele se encontra é uma espécie de realidade fabricada. Seus sentidos não conseguem mais captar a diferença.




A outra questão posta por Dick é a extensão da vida. Em Ubik, aqueles que morrem são colocados em câmaras onde eles vivem uma espécie de “meia-vida”. Mas, estas pessoas acabam perdendo o contato com o mundo. Não conseguem mais manter relações afetivas com seus familiares. Mais uma vez Dick puxa um pouco das noções durkheimianas. Aqui ele discute o fato social. Para eles todas as relações são construídas de uma forma interativa. Ao interagir com outras pessoas, montamos laços de solidariedade. Entendam solidariedade não da forma positiva, mas como laços de qualquer espécie entre dois indivíduos. As relações afetivas, sejam o amor, o ódio, a raiva, a felicidade, existem porque interagimos com o próximo. Ao retirarmos o fator humano, o fato social desaparece, na visão de Dick. Não existem mais laços e o ser perde aquilo que o torna sociável. Percebam que Dick continua a entender estes seres em meia-vida como humanos. Podemos perceber a tristeza que Ella dava a seu marido a cada dia em que ele ia visitá-la. Os meia-vida tinham apenas informações para passar a seus parentes.

A ambientação futurista é tratada de forma superficial. Não é o elemento mais importante da história. Mas, um elemento (um sentimento) sempre presente nas histórias de Dick é o seu pessimismo em relação ao porvir. O autor não acredita em um futuro otimista. A batalha entre as corporações retoma a ideia de outra obra de Dick, Androides Sonham com Ovelhas Elétricas, em que o futuro é dominado por essas grandes empresas. No caso, os precogs passam a controlar as previsões de mercado e as possíveis tendências para os próximos períodos. Mas, o que era usado para prever tendências se transforma em espionagem.

Os antiprecogs eram teoricamente usados para combater o abuso dos poderes mentais. Mas, a empresa de antiprecogs começa a contratar alguns talentos para diminuir os recursos da outra. Ou seja, emprega uma estratégia de monopólio de recursos estratégicos. Essa luta por talentos termina quando a história começa. Isso porque a empresa que contrata Joe Chip arma uma emboscada.

É o típico confronto corporativo das histórias de William Gibson. Mas, o cerne da história está nos precogs. Mais uma vez, Dick emprega pessoas com poderes mentais para fornecer o elemento fantasioso da história. Já tínhamos visto a ideia dos precogs em Os Três Estigmas de Palmer Eldritch. Isso significa que o autor acredita no desenvolvimento do cérebro humano em um futuro próximo.

Dick consegue usar referências pop sem que a obra envelheça. Estas compõem o sabor vintage da realidade percebida por Joe Chip. Constrói um mundo formado por elevadores antigos, marcas de cigarro, carros. Todos dão um padrão de verossimilhança que ludibria os sentidos de Joe Chip e seus companheiros. A proposta era de uma viagem no tempo e estas referências nos permitem imaginar o período apresentado. Logo, cumprem seu papel dentro da história.

O enredo é muito bom, possui um clima meio noir que dá suspense às páginas. Dick cria com competência um romance sobre o que é a realidade e para quem o real é real. Ubik é, sem dúvida alguma, um dos clássicos dentre as dezenas de livros publicados pelo autor.












Ficha Técnica:


Nome: Ubik

Autor: Philip K. Dick

Editora: Aleph

Gênero: Ficção Científica

Tradutora: Ludimila Hashimoto

Número de Páginas: 234

Ano de Publicação: 2015


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