Diana perdeu seu pai muito jovem em um afogamento acidental na praia do Arpoador. Ela passou a frequentar o local de forma a se lembrar de uma pessoa que ela amava. Isso até o dia em que a Morte vem conversar com ela.
Lidar com a perda nem sempre é algo fácil. Pessoas amadas compõem nossas vidas, completam-na com suas presenças. Quando as perdemos, parece que um vazio se estabelece em nosso peito. Esta é uma história sobre saudade, sobre perda e sobre aceitar que a vida continua independente de quem vai e quem fica. Tudo isto ao sabor salgado da maré de um fim de tarde no Arpoador. Acredito que essa seja a proposta de Eric Novello neste conto curto, porém repleto de significados e emoções.
Falando sobre os aspectos técnicos primeiro, é inegável o quanto a escrita do Eric é carregada de sentimentos. O leitor não consegue não sentir nada durante a leitura. Principalmente aqueles que tiveram a perda de alguém importante em suas vidas e apenas gostaria de entender por que tão cedo. Eu mesmo perdi o meu pai muito jovem (meu pai também muito jovem) e por muito tempo nos questionamos o motivo disso. Se existe um plano maior ou se apenas foi uma coincidência cruel. Talvez um dos aspectos mais importantes na escrita de qualquer obra seja fazer o leitor sentir algo (em outras resenhas eu chamei de empatizar). Algumas das melhores narrativas são aquelas que me fazem feliz, triste, curioso, alegre, reflexivo. Algo com o qual somos indiferentes nunca é um bom sinal.
A história toda se passa em um momento quando Diana está em mais um momento de lembranças particulares sobre o seu pai. A Morte aparece quase que como um espectro. Talvez por sentir que naquele momento, Diana precisava ouvir algo. Claro que os mistérios por trás da morte de seu pai permanecem e isso pode ter sido uma decisão acertada. O objetivo do conto não era descobrir isso, mas uma conversa franca entre a personagem e a algoz de seu pai. Provavelmente todos nós que já tivemos uma perda, já tenhamos conversado em nossos corações com a Morte. É essa "conversa" que nos faz seguir adiante, tocar nossas vidas.
Achei que o Eric poderia ter trabalhado um pouco mais a narrativa, esticado só algumas páginas a mais para sabermos como Diana lidou com as consequências daquilo. Mas, entendo que o tamanho da narrativa foi uma escolha do autor. Também achei aquele trecho com os meninos de rua desnecessário para o cômputo total da narrativa. Não sei... fiquei pensando depois se havia a necessidade de demonstrar o poder da morte. Mas, okay, talvez seja só eu sendo chato. No geral, é um conto rápido, lindo e que certamente vai tocar diferentes leitores de diferentes maneiras.
Ficha Técnica:
Nome: Sabor da Maré
Autor: Eric Novello
Editora: Agência Página 7
Gênero: Drama/Fantasia
Número de Páginas: 14
Ano de Publicação: 2019
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