Na segunda história dos tripulantes da Amaterasu, eles se envolvem em uma caça ao tesouro que se transforma em uma aventura muito perigosa.
Sinopse:
Rosa Okonedo está de volta! Com dívidas para pagar, a capitã do cargueiro Amaterasu e sua equipe partem para uma missão com ares de mistério — encontrar um tesouro tido como lenda entre os contrabandistas espaciais. Mas e se eles não forem os únicos atrás dessa imensa fortuna?
Esta é a segunda história com os tripulantes da nave Amaterasu. Aqui temos uma narrativa que explora a relação entre eles e como a nave é considerada quase como uma casa para todos. Como pessoas tão diferentes entre si conseguem formar um grupo muito próximo. Essa exploração da tripulação como um todo serviu também para desenvolver melhor os personagens e até individualizá-los. Diferentemente do primeiro volume, aqui temos mais uma "caça ao tesouro" com um clímax bem surpreendente.
Sybylla adota uma mecânica bem interessante em sua narrativa: ela nos apresenta um momento climático que acontece mais ou menos após a metade da história para depois retornar e contar os fatos encaminhando até aquela situação. A ideia foi boa porque ela pegou uma situação chave que nos deixa estarrecidos e curiosos para saber o que aconteceu. Trabalhar com a curiosidade também é algo válido para um autor. É a pura criação de um baita cliffhanger que vai nos fazer ler até aquele momento em especial. A narrativa é em terceira pessoa e isso serve bem ao que ela pretende aqui. A opção por esse ponto de vista permite a ela dividir sua atenção para mostrar as diferentes situações e como cada membro da tripulação encara seu papel na Amaterasu.
Logo no começo vemos como a capitã Rosa Okonedo precisa livrar Jensen da prisão após ele se envolver em uma briga de bar. Mas, Rosa acaba sendo presa também ao tentar subornar o guarda. Cabe à Irmã Cecília ir atrás dos dois para tirá-los de lá. Enquanto isso, na Amaterasu, Jim parece estar tendo alguns glitches estranhos que Deepa não consegue explicar. No meio disso tudo boatos sobre uma possível nave alienígena nas redondezas fazem todos os caçadores de tesouros das redondezas partirem atrás de pistas. E Rosa acaba sendo arrastada para a mesma busca.
Cada personagem recebe um pouco de atenção da autora neste volume. Seja Cecília que ganha espaço no começo mostrando como sua postura pacificadora serve como um ponto de conexão entre os vários membros da Amaterasu. Ou Deepa e seu jeito preocupado. Será esse lado alerta da personagem quem irá detectar os erros de Jim e o quanto isso pode prejudicar a nave. Rosa é importante sim, e vimos no primeiro volume que ela é corajosa e destemida, qualidades necessárias a uma capitã. Em vários momentos vemos o quanto é importante a individualidade de cada um dos membros da nave. Na cena em que Rosa está em outra nave, a habilidade da tripulação de improvisar em um momento extremo é o que faz o jogo virar.
Mas, para alcançar este objetivo, eu senti que a autora sacrificou um pouco a narrativa em si. Isso se levarmos em conta que desde o primeiro volume, a história segue um foco muito mais voltado para os personagens e nem tanto à narrativa em si. Mas, neste segundo volume isso ficou mais patente. Isso foi uma escolha per se... e, dentro daquilo que a autora queria, ela conseguiu desenvolver bem os personagens. Por conta desse foco maior, eu acabei não me engajando completamente com a narrativa.
"Rosa, eu melhor do que ninguém sei que a idade não dá sabedoria a quem quer que seja. Idade é apenas tempo de vida e tem gente que não sabe aproveitar isso. Até as estrelas, depois de bilhões de anos, tem um final explosivo, devastador, algumas delas brilhando mais do que galáxias inteiras. Depois de tantos séculos vivendo tanto, parece que algumas pessoas simplesmente não aceitam que gente mais velhas não é inválida. Muito menos sábia. Ou prudente."
Um dos temas principais deste segundo volume (tem outro, mas se eu comentar, seria um grande spoiler) é a inquietude de Rosa. Ter assumido a Amaterasu e retomado suas atividades pareceu uma aventura no primeiro volume. Os perigos do espaço eram reconfortantes para a capitã. Mas, em pouco tempo isso acabou se tornando uma rotina e o coração da capitã parece ter ficado mexido com isso. Falta uma pimenta em sua vida e ela parece gostar dos riscos. Ao mesmo tempo existe a preocupação com a Amaterasu e sua tripulação. Rosa fica em uma encruzilhada onde ela precisa encontrar o equilíbrio perfeito entre uma vida de aventuras emocionantes e proteger aqueles que lhes são queridos. Esse dilema vai se arrastar até o fim da história e vai colocá-la em situações bem complicadas.
Mesmo não tendo gostado tanto quanto curti o primeiro volume, aqui temos uma autora amadurecendo ideias e desenvolvendo personagens. A escrita da Sybylla é segura e tranquila, qualidades que a gente não vê sempre. Seu universo começa a tomar uma forma mais sólida e o mais legal de tudo é que a novella pode ser lida sem que o leitor tenha tocado no primeiro volume. Tem alguns elementos que ligam o primeiro ao segundo volume, mas existe essa opção. Espero ver mais histórias com os membros da Amaterasu.
Ficha Técnica:
Nome: Por uma Vida Menor Ordinária
Autora: Lady Sybylla
Série: Amaterasu vol. 2
Editora: Dame Blanche
Gênero: Ficção Científica
Número de Páginas: 110
Ano de Publicação: 2019
Outros Volumes:
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