Um cobrador de impostos começa a ter um estranho fascínio por um palácio deserto. Todas as noites ele é levado a viver estranhas aventuras em um mundo de sonhos. O que está acontecendo ao cobrador?

Sinopse:
Srijut, um cobrador de impostos, é enviado para uma pequena cidade e é misteriosamente atraído todas as noites para um antigo palácio que dizem estar assombrado.
Autor vencedor de um Nobel de Literatura em 1913.
Essa é uma narrativa que bebe bastante da cultura indiana. O autor acaba por fazer alguns questionamentos sobre a conexão de um indivíduo com a sua vida comum frente a acontecimentos mágicos e misteriosos. Existe ume pagada meio Mil e Uma Noites que é despejada pelo autor em alguns trechos com o objetivo de enredar o leitor. No fim, é uma boa história com alguns elementos poéticos e que faz a gente refletir sobre o nosso cotidiano e o que desejamos para nós. A tradução feita por Nathalia Amaya Borges está muito boa e louvo a opção da Wish por manter ao máximo os elementos da cultura indiana, colocando notas de rodapé onde necessário. É uma história que vai ser um pouco truncada por conta dessas expressões e costumes que não estamos tão familiarizados, mas recomendo ao leitor que persista na leitura. A narrativa não me agradou não por causa disso, mas por opções feitas pelo autor.
Na história temos um cobrador de impostos chamado Srijit que toca a sua vida diariamente fazendo seu serviço. Em um determinado dia ele acaba sendo atraído para um belo palácio onde ele vai e descobre que o mesmo está vazio. Ao explorar o local, ele se depara com a beleza melancólica de um espaço inabitado e acaba por dormir em um dos quartos. Ao adormecer ele se vê levado a um lugar fora de sua imaginação onde ele segue uma estranha voz que parece guiá-lo rumo ao perigo. Quando desperta no dia seguinte, ele se sente estranho e deseja tentar entender o que aconteceu ali naquele palácio. É aí que se inicia a sina do cobrador de impostos que é atraído de volta a esse mundo onírico e perde pouco a pouco o contato com o mundo real. Que mistérios guarda esse palácio? E poderá o cobrador de impostos descobrir o que está acontecendo com ele?
A narrativa vai tratar do tema do chamado para a aventura. Mas, Tagore inverte as expectativas ao usar o tema de uma forma invertida. No começo da história, ele nos apresenta a vida de Srijit de maneira banal e corriqueira. Ele realiza suas atividades até de um jeito meio blasé e suas conquistas não são lá muito interessantes. Mas, é o seu meio de vida e ele respeita isso. Ao se deparar com um mundo onde ele é necessário e vive histórias e momentos fabulosos e além da imaginação do ser humano, o cobrador é atraído pelas possibilidades disso. Tudo é mais interessante ali. Faz sua vida comum parecer tola e fútil. Mas, o homem sabe que aquilo que ele está vivendo não é certo e que ele precisa deixar de lado suas fantasias. Só que a atração disso se torna uma maldição porque o que sua cabeça sabe que é errado, seu coração deseja de todas as formas. Mesmo tendo sido alertado diversas vezes que o que ele estava vivenciando ali não era certo, o personagem insistia naquilo. A questão que fica ao final é: ele deseja se livrar da maldição de verdade?
Me incomodou na história o fato de Tagore ter insinuado uma continuação em que o personagem iria buscar uma cura para sua maldição e não ter prosseguido. Entendo que isso é um estilo de escrita vindo das Mil e Uma Noites, mas em uma história curta isso dá um sentimento de frustração ao leitor. Se a ideia também era fazer o leitor refletir quanto à questão deixada pela história, nem precisava ter deixado um gancho. Bastava finalizar com o personagem refletindo se deveria ou não encontrar a cura para a maldição. Talvez ele não quisesse partir em jornada para encontrar a cura. Ou talvez ele olhasse para o céu pensando na solução para seu dilema. Enfim, para mim só pareceu incompleta. Embora a mim não tenha incomodado, as expressões culturais indianas podem apresentar um desafio a leitores não acostumados. Porém, não se preocupem que o texto está muito bem traduzido. Se vocês conseguirem ultrapassar essa barreira cultural, é uma boa pedida para ter contato com algo diferente do que estamos acostumados.

Ficha Técnica:
Nome: O Demônio de Mármore
Autor: Rabindranath Tagore
Editora: Wish
Tradutora: Nathalia Amaya Ribeiro
Número de Páginas: 28
Ano de Publicação: 2021
Avaliação:

*Faz parte da Sociedade das Relíquias Literárias
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