Em uma gelada Klondike, Jack London se vê às voltas com estranhos assassinatos com requintes sangrentos. Muitos são os suspeitos das mortes em Salmon Pond, mas será que o assassino sequer é humano?
Sinopse:
“Jack London e a Criatura de Salmon Pond” traz como protagonista o escritor Jack London (1876 – 1916), cuja vida foi uma sucessão de viagens e aventuras. Muitas serviram de base para seus livros, e estes, por sua vez, inspiraram as autoras Ana Lúcia Merege e Allana Dilene a imaginar uma nova história vivida por Jack. Ambientada no Klondike, na época da corrida do ouro, ela traz uma série de incidentes envolvendo uma misteriosa criatura, que poderia ser um lobo, um cão de trenó... ou algum outro ser, desconhecido e assustador. Esse livro se destina a leitores de aventura, aos aficionados por histórias de lobos e lobisomens e aos que curtem narrativas que criem uma atmosfera de suspense e terror na medida certa.
Para aqueles que conhecem o trabalho da Ana Lúcia Merege e suas aventuras pelo gênero fantástico, essa vai ser, no mínimo, uma experiência diferente. Se trata de uma aventura que tem bastante de mistério e investigação aliado ao ritmo de narrativa que tanto conhecemos da autora. Além disso, se trata de um livro escrito a quatro mãos, ou seja, tem outra autora envolvida no processo criativo. Esse é o meu convite a essa história que tem como protagonista ninguém mais, ninguém menos do que Jack London. Sim, o mesmo autor de O Chamado Selvagem que é usado como nosso protagonista. E não esqueçam: ao entrarem no Klondike, não se esqueçam de seus agasalhos e tomem cuidado quando ouvirem um uivo à distância.
A história acontece em Salmon Pond e a começamos com a morte de um dos trabalhadores da região em circunstâncias misteriosas. Aparentemente seu corpo foi atravessado por marcas de garras e mordidas. O investigador Slocum é designado para investigar o caso e ele se depara com o jovem Jack London. Um homem que vaga pela região vivendo aventuras, registrando histórias. Ou seja, na mente de Slocum, um bisbilhoteiro. Só que London acaba sendo útil à investigação, deduzindo fatos que passavam longe da mente do investigador. Quando acontece a segunda morte, as suspeitas começam a recair em cima de algumas pessoas da região que podem ou não ter algum envolvimento. Pouco a pouco as pistas vão levando London e Slocum a estranhas conclusões que levam ambos a se questionar se o assassino sequer é humano.
Esse livro é bem diferente aos fãs da autora. Somos apresentados a uma outra forma de apresentar a narrativa. Ao invés de se focar nos aspectos mágicos, Allana e Ana Lúcia gastam algum tempo montando a ambientação por trás da história. Apresentando a região, os hábitos e os costumes locais e, principalmente, os personagens e suas interrelações. É a escrita da Ana Lúcia, com o apuro aos detalhes e um cuidado maior no encaixe das frases, mas ao mesmo tempo tem uma pitada daqueles romances de mistério típicos de Agatha Christie. Também pude perceber a escrita calma e paciente da autora, uma característica que eu aprecio bastante. Isso serve para fomentar a expectativa do leitor, que com mais detalhes se engaja mais na história. A narrativa é contada em terceira pessoa ora a partir de London, ora de Slocum e ora por um terceiro narrador que não posso comentar a respeito. A história é bem tranquila de ser lida e ter optado por capítulos rápidos no começo do livro certamente ajudou no todo. Dessa forma somos apresentados aos envolvidos no mistério.
London é o "herói" da narrativa. É aquele que vai nos guiar para a resolução do mistério. Aventureiro, curioso, corajoso; possui todas as qualidades do protótipo do protagonista. Ele faz a história se movimentar. Não nos é dado muitas informações sobre o passado dele. Mas, nem precisa já que não é importante para a narrativa. Só que ao não saber sobre ele, isso dá margem para que concordemos em certos momentos com as desconfianças de Slocum. Este é um investigador da região, que vez por outra tem um comportamento intransigente e desconfiado. Mesmo querendo a ajuda de London, ele não pode confirmar a sua incompetência ao lidar com o caso. Isso faz com que tanto um como o outro personagem acabem se envolvendo em situações complicadas por sua falta de comunicação um com o outro.
Romances de mistério não são realmente o meu gênero favorito. Por isso procurei ser bastante cuidadoso ao fazer uma análise dele. A história é envolvente e faz o leitor ficar tenso com o passar do tempo. A narrativa é contada sem pressa, com o objetivo de conduzir os leitores a uma estranha ambientação em que estar sozinho pode ser um erro mortal. Desconfiamos de todos, sem exceção. Nesse ponto as autoras foram bastante felizes. A todo o momento a sementinha da desconfiança é plantada em nós. Chega um momento da aventura em que imaginamos o que pode ser aquilo que mata as pessoas, mas não desconfiamos quem é o responsável. Meu único porém em relação ao livro é que o achei um pouco grande demais. Na segunda metade da história, algumas cenas poderiam ter sido suprimidas sem causar um grande prejuízo ao desenvolvimento geral. Nada que estrague a diversão.
Ana Lúcia e Allana conseguiram trazer uma história diferente e divertida Empregando o estilo do mistério, as autoras nos colocaram em um cenário pouco explorado por aqui e nos apresentou até um Jack London que pode servir como introdutório às novas gerações. Conhecer London e suas aventuras vai sim ser bastante benéfico. Se você está em busca de um bom livro de mistério, aqui pode estar a sua resposta.
Ficha Técnica:
Nome: Jack London e a Criatura de Salmon Pond
Autoras: Allana Dilene e Ana Lúcia Merege
Editora: Draco
Número de Páginas: 96
Ano de Publicação: 2021
*Material enviado em parceria com as autoras
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