Conheçam Lyra, uma menina que estuda em uma imensa academia de estudos exóticos chamada Jordan. Um dia ela faz uma descoberta terrível que vai mudar sua vida para sempre. E ela vai descobrir a existência do Pó, uma substância capaz de realizar tarefas impossíveis.
Sinopse:
Lyra Belacqua e seu daemon, Pantalaimon, vivem felizes e soltos entre os catedráticos da Faculdade Jordan, em Oxford. Até que rumores invadem a cidade – são boatos sobre os Papões, sequestradores de crianças que estão espalhando o medo pelo país. Quando seu melhor amigo, Roger, desaparece, Lyra entra em uma perigosa jornada para reencontrá-lo. O que ela não desconfia é que muitas outras forças influenciam seu destino e que sua aventura a levará às terras congeladas do Norte, onde feiticeiras e ursos de armadura se preparam para uma guerra. Embora tenha a ajuda do aletiômetro – um poderoso instrumento que responde a qualquer pergunta –, nada a prepara para os mistérios e a crueldade que encontra durante a viagem. E, mesmo que ainda não saiba, Lyra tem uma profecia a cumprir, e as consequências afetarão muitos mundos além do dela.
Este é um livro infanto-juvenil. Pelo menos é o que diz na capa. Muitos de nós torcemos o nariz quando vemos um livro voltado para essa faixa etária. Mas ao analisar mais profundamente e passando alguns capítulos, iremos ver que Philip Pullman escreve uma narrativa extremamente instigante e com altas idéias.
O enredo começa um pouco devagar. O leitor demora um pouco a se apegar aos personagens. Particularmente, só passei a me apegar quando Lyra sai da Jordan (o campus universitário onde a protagonista vive no começo da história). A partir desse momento, as páginas começaram a fluir mais rápido. Achei que o autor foi habilidoso mantendo a ação sempre constante. Normalmente a metade de um livro pode acabar se tornando lento, mas aqui não foi o caso. A jornada de Lyra para o norte nos apresentou um pouco sobre o universo literário de Pullman.
A descoberta inicial de Lyra foi um pouco forçada. Achei que o autor fez com que ela conectasse fatos que não seriam possíveis para uma menina de sua idade. Mas, foi a maneira que ele encontrou para fazer a trama andar. Em algumas oportunidades, Pullman força um pouco a mão no lado revoltado da mesma, tornando-a quase petulante demais. Gostei da idéia dos dimons representarem as emoções dos personagens. Por exemplo, Pantalaimon representa a falta de amadurecimento de Lyra, o macaco dourado representa a fúria interior da mãe de Lyra, e a pantera branca, a prepotência de Lorde Asriel.
Aliás, o casal também é bem construído. Achei que faltou um pouco de tempo mais para explorarmos as motivações da mãe de Lyra. Pullman quis criar a idéia de um tipo de “cientista” que não mede as conseqüências de suas ações. Mas, no fim, ele passou para mim uma segunda impressão não tão clara a princípio: uma mulher amargurada que deseja apenas ser amada. Já Lorde Asriel nunca me escondeu o fato de ele ser o verdadeiro antagonista. A gente percebe logo no começo da história que ele está manipulando os acontecimentos a seu favor. Mas, Pullman tenta esconder isto mostrando as façanhas e os aliados de Asriel, mas sempre acabamos percebendo a presença de um propósito maior por trás.
O urso Iorek é um personagem complexo. A gente sabe que este é um personagem que precisa ser explorado com calma. Aos poucos vamos conhecendo sua história e como ele chegou até a cidade, tornando-se um ser triste. A jornada de Iorek é muito parecida com a da própria Lyra. Possivelmente este é o principal motivo da profunda ligação entre os personagens. Pullman explora esta jornada de amadurecimento. Lyra deixa de ser uma fedelha aventureira para ser uma pessoa racional à medida em que a trama de desenrola. No final de A Bússola de Ouro, Lyra toma uma série de decisões difíceis, até altruístas, demonstrando a necessidade de seu amadurecimento diante de obstáculos.
Achei bacana a apresentação da sociedade cigana. O autor faz uma leve crítica social ilustrando como eles sofrem preconceito pelo resto da sociedade. São pessoas que existem segundo seus próprios termos, mas são obrigados a viver isolados. Mesmo os pântanos em que eles vivem foram conquistados através da intervenção de Lorde Asriel. Os personagens ciganos que entram em contato com Lyra acabam servindo como pessoas sábias, aconselhando e direcionando a protagonista quanto esta se perdia.
Pullman deixa algumas pontas soltas, mas podemos até entender A Bússola de Ouro como um stand-alone. O filme serve para mostrar algumas particularidades do universo literário (como o comportamento dos dimons), mas o diretor tomou algumas liberdades que prejudicaram o enredo. A história é excelente e de forma alguma pode ser considerada infantil. A maneira como o autor aborda alguns temas como os experimentos em humanos, a selvageria da natureza e a ambição não são nem um pouco bobos.
Ficha Técnica:
Nome: A Bússola de Ouro
Autor: Phillip Pullman
Série: Fronteiras do Universo vol. 1
Editora: Suma
Gênero: Ficção Científica
Tradutora: Eliana Sabino
Número de Páginas: 344
Ano de Lançamento: 2017
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