Uma reflexão sobre o que vocês podem esperar do nosso espaço neste ano que se iniciou e quais as perspectivas de futuro.

O Ficções Humanas, como blog, já existe há mais de oito anos, sendo que eu já tinha outros três antes em que eu tinha um espaço menor onde publicava esporadicamente. Ou seja, já são mais de onze anos de trabalho ininterrupto em que já tive altos e baixos, expectativas quebradas e outras conquistadas. Já tivemos uma, duas, três e até quatro pessoas na equipe e até convidados especiais que publicavam esporadicamente. Já chegamos até a ter um canal de YouTube que não durou muito tempo. Nos últimos anos venho refletido sobre a utilidade ou não do espaço e se eu acrescento ou não. E a cada dois anos, preciso renovar a assinatura do site (uma conta que não é lá muito barata) então sempre reflito a respeito do que faço. Vou escrever alguns parágrafos e contar algumas conquistas e outras coisas que se passaram em 2022.
A partir deste ano voltei a trabalhar sozinho no site e os dois colaboradores que trabalhavam comigo, Amanda Barreiro e o Diego Araujo se afastaram para trabalhar em projetos próprios. E é bem legal a gente poder pensar que pude ajudar, por menor que esta ajuda tenha sido, a eles alcançarem outros projetos ou trabalhos. Começando pelo Diego, ele está estudando e aprimorando a sua escrita. Ele conseguiu ser publicado na coletânea Creepypastas, que saiu pela Lendari há algum tempo. Aliás, recomendo conferir o conto que ele escreveu que está bem legal, sem falar que confio e muito no trabalho editorial da Lendari (o Mário Bentes é um dos melhores editores do Brasil). Não sei se ele está em alguma seleção de contos, mas aposto que vocês verão novidades dele em breve. A minha querida parceira Amanda Barreiro se descobriu uma excelente apresentadora de podcast. Quando a convidei para um episódio no Perdidos na Estante (na época em que era parte da equipe fixa), não imaginei que essa menina ia chegar tão longe. Além de uma professora que tem se dedicado bastante na escola onde trabalha. A Amanda é mais fácil de vocês encontrarem, pois ela está todas as semanas no Perdidos na Estante ao lado dos meus queridos amigos de lá, Domenica Mendes, Thiago Augusto, Hamilton Kabuna e até o Basso que está lá no apoio para nós.
Para quem estranhou, sim, não estou mais na equipe fixa do PnE, mas a Do e a Amanda sempre me convidam para um ou outro episódio. Isso aconteceu porque a vida acontece, gente. Os anos de pandemia não foram fáceis para mim e resolvi desacelerar um pouco e cuidar da saúde e levar as coisas com mais calma. Ser mais élfico, mais devagar e processual do que já era. Tenho problemas de ansiedade desde que me entendo por gente e os últimos anos pioraram o meu caso. Esse é um ano de reavaliação sobre vida, saúde, prioridades. Fora que sou professor do Ensino Médio e fui presenteado com muitas responsabilidades esse ano: 10 turmas ao todo, graças a porcaria, digo... novidade que é o Novo Ensino Médio. Desde 2022 deixei um pouco de lado o trabalho de Formação de Leitores (não abandonei... só reduzi) para me concentrar em atender os meus alunos. Descobrimos muitos casos de alunos com situações de bullying, stress, violência doméstica, crise de ansiedade entre outros. Me chocou dois casos de alunos que tentaram cometer suicídio, o que me fez abrir os olhos quanto ao problema. Então tenho dedicado a aprender como me aproximar deles, como ajudá-los até certo ponto, encaminhar para o sistema de saúde para atendimento especializado. E isso consome tempo também. Sem falar que estou na jornada para ser pai em breve, já que estamos terminando nossa obra aqui em casa (que já passou dos cinco anos de obra... quase um Pilares da Terra) e a próxima etapa da vida se aproxima e preciso decidir junto de minha parceira.

Se pretendo acrescentar colaboradores novos ao site? A verdade é que não sei. Sou uma pessoa meio rabugenta e perfeccionista então a reação das pessoas a mim é extrema: ou me amam ou me odeiam. Fui abençoado com dois colaboradores maravilhosos que me ajudaram bastante quando realmente precisei. Sem falar na Bruna Otomura, que é a design do site e fez este trabalho maravilhoso que vocês estão vendo. Aliás, um beijo no coração dela!! Bruninha é uma pessoa doce e gentil que só tenho elogios a dar. Admito que tenho um ritmo de publicações que é bizarro sob qualquer ponto de vista. Por incrível que pareça, não tenho trabalho necessariamente em manter o ritmo, apesar de que vez ou outra percebo que estou atrasado. Mas, daí tiro essas folgas sabáticas e deixo tudo em dia novamente. Me acompanhar nesse ritmo frenético que tenho não é para qualquer um. E eu detesto ficar devendo matérias para as editoras que são nossas parceiras. Me orgulho de poder dizer que cumpro mais de 90% dos meus compromissos. Sempre escapa uma coisa ou outra, às vezes atraso um pouquinho, mas tenho uma ética de trabalho que sigo de forma ferrenha.
A mídia blog vem perdido espaço nos últimos anos para os materiais que são em áudio e vídeo. Isso me desanima um pouco porque por melhor que faça o meu trabalho, as editoras não apostam mais em texto. Existem seleções de parceiros voltadas apenas para Instagram e TikTok. Teve uma editora específica (não cito o nome por ética) que não informou que tinha prioridade nisso, e não selecionou absolutamente nenhum blogueiro. Sou afortunado de poder contar com parceiros tão legais como a Draco, a Avec, a Companhia das Letras, e agora a Corvus que se uniu ao bolo. Hoje não me preocupo mais em ser selecionado ou não, mas ver que pessoas que escrevem textos nem são cogitados mais dá uma desanimada legal. Sem falar que o Ficções Humanas é um blog de nicho, e de nicho bem pequeno. Não vou mudar a forma de postar, de escrever texto para atender uma trend. Respeito muito aqueles que acompanham o blog para isso. Os números do blog não são grandes, mas vocês que ficam são as pessoas que me inspiram a sempre fazer mais. Percebo que tenho um público que acompanha fielmente todas as postagens e a métrica do site é constante, o que me deixa bastante feliz. Autores sempre entram em contato comigo elogiando o trabalho. Existe uma confiança implícita que o que será postado vai ter um valor para eles. Posso me orgulhar de dizer que pessoas incríveis como o Fábio Fernandes, a Ana Lúcia Merege, a Jana Bianchi, o Nelson de Oliveira e tantas outras gostam do que leem.
Em relação a aceitar materiais para conferir, ando meio travado em relação a isso. Tenho até que atualizar o midia kit do site que já está defasado há alguns anos. Mas, a verdade é que eu sou lento no que faço, leio o livro de ponta a ponta (não sou crítico de sinopse como tem muitos blogueiros por aí que são) para poder comentar a respeito. O que era para ser algo normal, ler um livro inteiro, é uma exceção. Aqueles blogueiros que fazem sempre recebem elogios, mas não sinto que estou sendo revolucionário... apenas normal. Por isso que quase nunca aceito publieditorial; os poucos que chegam ou não topam pelo valor (não sei porquê, já que me considero mão-de-obra barata) ou tem algum material que não se encaixa nos temas abordados no blog. Já recebi proposta para ler um livro hot, que agradeci o email e recusei de forma educada. Agora, não sintam medo de conversar comigo. Sou uma pessoa super aberta e tranquila ao diálogo. Este ano vocês devem me ver mais em eventos literários. Pretendo estar presente em três pelo menos: a Bienal RJ (estarei com a minha escola com certeza e vou ver se vou mais um dia para conversar com autores e ver pessoas), a Odisseia de Literatura Fantástica em Porto Alegre e na FLIP no final do ano. Claro que os planos podem mudar hoje ou amanhã, mas por enquanto esse é o meu planejamento.
No mais, este ano estou com uma ética de trabalho mais estrita e estou separando tempo para ler o que gosto. Vocês vão ver alguns livros que adoro retornando depois de alguns anos (Malazan, cof cof cof... ) e matérias interessantes sobre os livros em si. Tenho estudado também escrita criativa e sobre o mercado editorial. Temos sempre que ficar nos aprimorando para oferecer um conteúdo melhor. E sermos humildes o suficiente para entender que aprendemos coisas novas diariamente. Fazer um curso, estar com ouvidos abertos para absorver novos conhecimentos. Enfim, estou numa fase de me decidir o que fazer daqui a dois anos quando virá o novo processo de renovação. Quero entender qual é a minha utilidade nesse mundo da internet. O que faço é realmente necessário? Vale a pena investir horas do meu dia para ler e escrever um texto sobre algo? Quero ser útil. Só não sei hoje se tenho o alcance para isso. Mas, me deixa feliz saber que eu tenho você, que está do outro lado da tela do PC, do note ou do smartphone, que me acompanha e me dá a motivação para continuar a trabalhar. Os próximos passos só o tempo irá dizer. Pelos próximos dois anos ainda estarei por aqui. Então apertem os cintos e vamos seguir nessa incrível jornada.

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